O Rio Salobro, que conheci recentemente, é justamente o contrário do seu nome. Saindo da cidade de Aragoiânia sentido Varjão, percorre-se mais ou menos 45 quilômetros em uma estrada de terra bem conservada com belas paisagens tipicas do Cerrado. Até chegar ao Salobro! Cruza-se uma ponte de madeira, feita com paus roliços de aroeiras, toras grossas e fortes. A ponte por si só já é uma verdadeira obra de arte; transporta-nos a um tempo onde tudo era feito a mão com muito suor, força, sangue e lágrimas! A sua estrutura revela um trabalho de engenharia simples, prático e de extrema qualidade. Cada tora de aroeira foi instalada com precisão cirúrgica, mas sem equipamentos de alta tecnologia. É possível até sentir, ouvir e cheirar as trilhas deixadas por esse colossal trabalho!
Refeito do encantamento da ponte, me deparo com outra maravilha. Só que dessa vez é uma obra da “mãe natureza”: o Rio Salobro. Para contar sobre ele, vou abrir aspas! “Como fotojornalista me sinto privilegiado por já ter conhecido lindos lugares, mas sempre existe uma nova expectativa quando saio em minhas andanças à procura de paisagens goianas para registrar. E garanto a vocês uma coisa: até o momento estou sendo positivamente impactado por lugares únicos e deslumbrantes. Mas conhecer uma pequena fração do ‘Salobro’, já me mostrou que é um forte candidato ao título de um dos mais belos rios goianos!”
Rio Salobro convida!
Logo ao chegar às suas margens, pedras grandes e negras em formatos variados com predominância do oval, se oferecem para aconchegar nosso corpo! Uma água limpíssima e gelada nos convida a apreciar uma mesa farta posta pela natureza só para você. Uma sensação de bem-estar consome o seu interior e acalma a alma, proporcionado um indescritível êxtase! É muita beleza e harmonia para um espaço tão pequeno!
Ao olhar com mais calma, surge uma sensação de que tudo foi colocado de propósito e com muito capricho por um excepcional decorador, tamanha é a harmonia do local. As pedras e a água são cúmplices e se unem em um bailar que dá até inveja de tão lindo! Nas piscinas naturais, observam-se sortudos moradores desse paraíso: os peixes! São piaus três pintas, traíras, lambaris, e com certeza existe os grandões como os pintados e jaús, pois o rio é ideal para eles. O Salobro recebe as águas do Rio dos Bois, no município de Mairipotaba, região sudoeste de Goiás.
Lixo mortal!
E por falar em região sudoeste, é de se espantar encontrar um rio como este nos dias de hoje! É de conhecimento de todos que a situação dos recursos hídricos em Goiás é dramática, o desmatamento e a poluição estão matando os nossos rios. E essa questão não diz respeito há apenas alguns grupos e, sim, a toda sociedade goiana. Do produtor rural ao cidadão que visita as margens de um rio como o Salobro, e por pura preguiça e negligência, deixa os restos do que foi consumido por sua família e amigos: o terrível e mortal lixo! Vocês irão ver imagens belíssimas do Salobro, mas não se enganem! Quando chegamos ao rio, suas margens estavam repletas de lixo.
Preferi focar em sua beleza dessa vez, pois acho que a beleza toca mais fundo na alma. E também traz uma profunda reflexão sobre o que realmente podemos fazer para preservar um paraíso como o Salobro! É vergonhoso saber que famílias, casais e grupos de amigos se reúnem em um local tão lindo e paradisíaco como as margens de um rio e não são capazes de recolher seus próprios lixos! Gostaria que as pessoas entendessem de uma vez por todas uma coisa: nós não estamos matando o meio ambiente! Estamos nos matando! Precisamos nos indignar e não aceitar mais tais comportamentos. Temos a obrigação de deixar um mundo pelo menos igual ao que recebemos aos nossos descendentes!
O pedido!
Eles têm o direito de viver e sentir o prazer de desfrutar de um ambiente com o mínimo de condições saudável! Quero fazer um pedido a vocês: quando forem conhecer o Salobro ou qualquer outro ambiente natural, sejam cuidadosos e recolham o lixo que produzirem, é simples! Apenas com esse gesto você, sua família e seus amigos estarão contribuindo realmente para um futuro, vivo e minimamente saudável para os seus entes queridos!
A palavra Salobro* nos leva a uma simples dedução. Onde existe esse nome provavelmente não é um bom lugar. Certo? Há controvérsias!
* Tem gosto parecido com o da água do mar: água salobra. (A água salobra tem em dissolução alguns sais que lhe transmitem gosto amargo e repugnante)
Fotos e texto: João Faria.
Revisão e edição: Carlos Alberto Pacheco.
Linda matéria! Meus comprimentos aos envolvidos neste trabalho.
Obrigado senhora Renata Alves, ficamos felizes de recebermos seus elogios! Sempre vamos nos empenhar-mos cada vez mais, para sermos merecedores deles. Grande abraço!
Belo Rio, belas imagens produzidas com exclusividade pelo repórter fotográfico João Faria. De tirar o fôlego, como o autor mesmo diz. Parabéns!!
A ONG Rios Goianos, lhe agradece senhor Carlos Pacheco. Por sua gentileza e deferência. Grande abraço!